sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aos donos dos blogs que aparecem na coluna aqui da direita.

Logo abaixo da lista de posts, tem uma coluna que se chama Minha Lista de Blogs.

Era mais extensa, mas eu andei limando vários, incluindo de amigos, por absoluta falta de atualização. Os que permanecem na lista são os que se mantém atualizados ou me interessaram tanto, por uma razão ou outra, que eu dei uma colher de chá.

Já escrevi aqui que blogs são como cachorros: as pessoas pegam um porque é bacana, é legal no começo. Mas aí começa a dar trabalho, e logo o bicho é abandonado, fica por aí com as costelas aparecendo, cheio de sarna.

Tem gente que acha, como diz a campanha daquela ração que eu não me lembro o nome, que cachorro é tudo de bom. Eu acho blog tudo de bom. E quando eu vejo um blog sem atualização desde julho, como o No Donnuts, acho uma desumanidade com o pobre do bichinho. Ainda mais quando lembro que ele tem 4 ou 5 donos desnaturados. Está na hora de vocês se coçarem, galera (para continuar com a analogia canina).

Não abandonem seus blogs. Atualizem. Eu leio.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Bai pipou.

E a menina cometeu o crime mais violento que existe. Suicídio.

Suicídio é tirar a vida de alguém que você conheceu desde sempre, que estava lá desde o primeiro instante, desde a sua concepção. É aquela pessoa que olhou de volta todas as vezes que você mirou um espelho ou o mostrador de uma camera digital.

Por isso é chamado de gesto extremo. Lembro da primeira vez que fui tocado por esse assunto, uma edição da revista Colors. Tinha várias cartas de suicídio reproduzidas, e me perturbou profundamente perceber a calma que as pessoas deixaram transparecer em cada uma delas.

A menina não deixou carta, escreveu uma mensagem de despedida no Twitter. É tão assustadoramente incompreensível em seu tom, quase bem humorado: Bai pipou. Foi bom brincar com vocês.

Não a estou julgando, por não conhecer que doenças do corpo ou da alma podem tê-la afligido. Falo apenas da tétrica mensagem e seu trágico contexto.

"É a mesma coisa, ué. Só que na versão moderna", me explicaram os jovens ao redor.

Não é. A carta seria encontrada após o fato consumado. Para não deixar totalmente sem explicação os que ficaram para lidar com o vazio.

Já o tweet precisa ser escrito antes, e é recebido antes. Em vez de ser uma explicação, é um aviso. É recebido por dezenas, centenas de followers. E esses, ainda que superficialmente, conhecem o autor do tweet.

O suicida para mim sempre foi alguém que ao chegar no auge da solidão, desesperou-se. A menina desesperou-se mesmo estando cercada por dezenas de pessoas.

Me fez entender as pessoas menos do que antes. E definitivamente anulou qualquer compreensão minha sobre o propósito do Twitter.


Born Ruffians

Trio de canadenses, liderados por um tal Luke Lalond que é os cornos do Bob Dylan quando jovem.

Eu os descobri de um jeito absolutamente cibernético: desembarcaria em NY dali dez dias. Entrei no site do Mercury Lounge, vi quem tocaria lá durante minha estada, baixei umas 5 músicas de cada banda e saí comprando ingressos.

Born Ruffians foi o melhor. É como se fosse um Bright Eyes não-deprimido: som quase cru, meio folk em algumas músicas, e se apoia bastante na voz estridente do vocalista. No palco ele chega a usar um microfone abafado, desses com nariz de palhaço, para criar uns efeitos de coro muito interessantes. Sua voz é o ponto focal da banda, tem muito alcance para cima e para baixo também, como em Red, Yellow and Blue.

Me parece mais uma vitória da nova música, pós-consolidação do mp3. Essa nova música é feita por gente competente, muito mais esperta do que os caras que construíram o rock na base da rebeldia, talento e inconsequência. Essa nova geração é mais antenada com o lado profissional da atividade, porque puderam copiar os acertos e pular os erros de quem veio antes. Mais ainda, sabem que para aparecer no meio dos milhões de bandas do myspace e da Last FM não tem outro jeito que não tocar muito na hora do show.

Born Ruffians é uma bandinha bem interessante. Quando aparecer no Nokia Trends ou em algum outro desses festivais que apresentam a penúltima palavra em música indie, lembre-se: você viu primeiro aqui.

Born Ruffians, I Need a Life.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Idéias que eu preciso patentear, número 32.

Xiiii em spray®.

Uma lata de spray tipo Bom Ar, chamado Xiiii.

Para ser usada quando acontece uma cagada no trabalho, ou em casa, e fica aquele silêncio horrível. Você então pega a lata de Xiiii em spray® e borrifa um pouco, para quebrar o gelo.

domingo, 23 de agosto de 2009

RRRRRRRRRRRRRRubens Barrichello.

O legal de ver o Rubinho ganhar na F1 é que ele fica com a mesma cara que a gente, de quem não está acreditando.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

No fio do bigode.

Apesar dos protestos, apesar da indignação, apesar da cobertura extensiva feita pela imprensa, Sarney saiu-se bem da confa. Assim como todos os outros Senadores com suas passagens aéreas, seus celulares de milhares de reais mensais e seus funcionários fantasmas.

Aí leio: Mercadante vai esperar conversa com Lula para confirmar renúncia.

Me deu uma brisa de contentamento. Então quer dizer que o cara em quem eu votei ficou tão indignado que não quer mais fazer parte daquela sujeirada toda? Uau! Na atual conjuntura dá mais orgulho cívico e senso democrático ficar sem representante do que ser tão pessimamente representado.

Mas não é assim.

Ele renunciou ao cargo de líder do partido no Senado. Não ao salário de 20 milhas, nem às verbas compensatórias e complementares, nem ao resto todo. Porque uma coisa é ter escrúpulos e vergonha na cara, outra é ter escrúpulos e vergonha na cara e ainda por cima ter de trabalhar que nem os otários aqui.

O bigode problemático, ao fim e ao cabo, não é só o do Sarney.

E o que é que se pode fazer? Que tal você se vingar nas urnas? Nas eleições do ano que vem, eu vou fazer exatamente isso: entrego o título, assino naquele caderninho e, logo depois, cubro o mesário de porrada.


UPDATE: Não só não renunciou ao Senado, sequer renunciou ao cargo de líder do partido.

UPDATE II: Suplicy, o Didi Mocó politizado, que derreteu o cérebro com ácido nos anos 60, mostrou um cartão vermelho gigante para o Sarney. Deu quase tanta vergonha em mim quanto a bandalheira do Sarney.

Gostou da ilustra? Peça pro Nando.


Friendly Fires

Bandinha inglesa, quase que uma gripe suína indie, de tanto que se fala nos caras. 3 garotos branquinhos, com as bochechas rosadas, e um som superproduzido.

E assim, preparado, fui assistir ao show deles. Os 3 entram no palco acompanhados por dois músicos de estúdio brasileiros que eu não reconheci, mas eram dois caras meio coroas, camisas de seda largas, correntes, boininha. Old School. Um trompete e um sax alto. Os caras abriram pastas de partitura e aí eu passei a prestar bastante atenção.

Os moleques rosados são carismáticos até a última gota de suor, que já abundava ao fim da primeira música. Aliás, demorou um pouco para começar porque eles não encontravam a baqueta do tamborim. Tamborim? Banda indie inglesa? É.

O vocalista pede desculpas: "Please forgive our poor samba skills" e os meninos metem bronca, os metais metem mais bronca ainda, como se tivessem ensaiado a vida inteira com eles, e a platéia pega fogo.

Me lembrou LCD Soundsystem pela combinação prodigiosa de recursos vocais, eletrônicos e roqueiros (o baixo é 24 horas, sempre no ataque). E me lembrou Hercules & Love Affair pela esquisitice de combinar isso tudo com samba e arranjos de metais bem brazucas.

Bom som.

Friendly Fires, Kiss of Life.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pequena reflexão sobre chefes II.

Não é que eu tenha problema com autoridade. É que meus chefes são sempre uns merdas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pequena reflexão sobre leitores.

Tem pessoas que escrevem blogs e exigem que, para deixar um comentário, o leitor digite um código, ou o email ou o nome ou sei lá o quê mais.

Admiro essas pessoas. Porque eu estou pensando em oferecer 1 real para cada leitor que aparecer.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A vida dura das celebridades, apesar da flacidez.


Essa saiu daqui.






E essa saiu aqui.


Uma vez assisti a uma entrevista com Jim Carrey, aquele exageradamente histriônico ator de porcarias como O Pentelho e O Mentiroso, e de ótimos filmes como O Show de Truman e Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças. Perguntado sobre o que achava dos paparazzi, ele respondeu que entendia que era tudo parte do jogo. Até aí nada de mais. Mas ele foi fundo na resposta: lembrou que os donos dos jornais que mais publicam esse tipo de foto, assim como dos canais que mais mostram escândalos envolvendo celebridades, também são os donos dos estúdios de cinema.

Ou seja: a mesma empresa que constrói, destrói. Porque lucra com esse giro da engrenagem.

Isso me pareceu uma observação muito aguda sobre o mundo do entretenimento. E hoje, no meio do ócio, eu dei com as duas chamadas acima na internet. Juliana Paes é o assunto de ambas. Ela mesma, que ontem foi incensada no Domingão do Faustão como uma das maiores atrizes brasileiras na história, cuja participação nessa novela da Índia é praticamente serviço público, dada a enorme contribuição cultural que nos oferece.

A primeira foto aparece numa manchete sobre celulite. A segunda, numa manchete sobre o corpão dela. E as duas matérias estão no Globo.com, da mesma Globo que apresenta a novela das Índias e o Faustão.

Tomara que a Juliana Paes não acesse a internet hoje.

Mulher samambaia saiu da fazenda.

É um update do post anterior: agora eu entendi porque o MST estava protestando na Paulista.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Manifestação do MST.



Ouço no rádio que daqui a pouco o MST vai parar a Avenida Paulista em manifestação.

Pelo quê, não sei. Não posso imaginar que isso tenha algum objetivo. Se é o movimento dos Sem Terra, a lógica é que eles manifestem para ganhar terras. Mas parando a Paulista, e por consequência, criando mais uma sexta-feira de caos no trânsito de São Paulo, eles acham que vão conseguir terras?

Greves, paralisações e essas coisas funcionam porque há contrapartida. Se param os motoristas de ônibus, os professores ou até, sei lá, os técnicos em prótese dental, o resto da humanidade escuta, porque precisa que eles voltem ao trabalho.

Mas só o MST precisa do MST. Se eles resolvem parar de fazer o que fazem, que é invadir terras para obrigar a reforma agrária (sou apolítico nessa questão, veja bem), os donos da terra acham é bão (porque os donos de terra falam assim, veja bem). Porém vindo até aqui, até o centro de São Paulo, para fazer reivindicações, e ainda por cima causando congestionamento, o MST não conseguirá nada. Só antipatia ainda maior à que já tem nesse país de apolíticos.

Como se a CET não bastasse, agora temos o MST para nos preocupar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pequena reflexão sobre relacionamentos.

Hoje eu pego ela de jeito. Vou mostrar pra ela em quem é que ela manda.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jogo ruim e Fatal Surf.

Certa feita levantei uma teoria aqui, de que jogo que tem placa de patrocínio da Fatal Surf é jogo ruim.

Brasil X Estônia. Adivinha quem tá.



A teoria.

Então é isso.

Após um breve hiato, estou de volta a um emprego.

Estranhamente, o alívio é maior para os meus amigos do que para mim. De alguma forma que eu não consigo comprender, eu recuperei uma condição de normalidade que o desemprego havia me tomado. Acho que muitos deles tinham medo de eu cumprir a ameaça de virar o Grande Lebowski.

Nesses 6 meses em que eu tive tempo para pensar na vida, no mundo e principalmente na poeirinha que tinha dentro do meu umbigo, cheguei a conclusão que há muita coisa para fazer com o tempo livre. Me mantive ocupado, para horror da minha mãe, por exemplo, com coisas etéreas como cursos de filosofia e cinema, exposições gratuitas. Escrevi um livro, escrevi gratuitamente textos encomendados.

Estava contente como só estive em períodos de férias. Aliás, descobri que essa é a minha maior aptidão profissional: tirar férias. Um monte de caras trabalham mais e melhor que eu. Mas em férias, dou um pau em qualquer um. Eu de férias sou genial.

Enfim voltei, mas não capitulei. Espero fazer esse lance render um colchão de garoupas e onças pintadas, onde rolarei feliz feito Tio Patinhas dentro de um ano. Tá bem, tá bem: uma esteira de garoupas e onças pintadas.

E aí voltarei a pensar na vida, no mundo, e na poeirinha que estiver dentro do meu umbigo.

Porque trabalhar dá um trabalho miserável.

sábado, 8 de agosto de 2009

Damn.

Estamos na situação de uma criança que entra em uma enorme biblioteca cheia de livros escritos em muitas línguas. A criança sabe que alguém escreveu aqueles livros, mas não sabe como. Não entende os idiomas nos quais eles foram escritos. Suspeita vagamente que os livros estão arranjados em uma ordem misteriosa, que ela não compreende. Isso, me parece, é a atitude dos seres humanos, até dos mais inteligentes, em relação a Deus. Vemos o universo maravilhosamente arranjado e obedecendo a certas leis, mas compreendemos essas leis apenas vagamente.

http://msnbcmedia3.msn.com/j/msnbc/Components/Photos/z_Projects_in_progress/050418_Einstein/050405_einstein_tongue.widec.jpg

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Maldade detectada em "A Era do Gelo 3".

Tem uma cena em que um filhote de hipopótamo, bem gordinho, é arremessado por metros e metros. A mãe se desespera e grita o nome do filho, repetidas vezes. Qual é o nome do hipopótamo gordinho?

Ronaldo.

Sacanagem.

Caderno de Saramago.

Caiu em minhas mãos um livro com os textos do blog do José Saramago.

Depois de tantos anos em dúvida se um de seus livros dava filme (óbvio que dava), até que ele foi rápido para descobrir que seu blog dava livro.

Se você tem um blog, leia o dele, seu verme.

Sinta-se, como eu, pequeno, diante de tanta precisão. Fica provado que o cara escreve livros daquele jeito duríssimo, cheio de pontuação e parágrafos intermináveis, porque quer. No blog ele é sucinto como o Romário dentro da pequena área.

E os temas? A idade da mentira em que Bush lançou o mundo; Obama enquanto revanche por Martin Luther King; A vulgaridade bilionária de Berlusconi.

Decidi que faria deste meu modesto espaço um posto avançado de observação do mundo. Trataria dos temas pesados que Saramago trata. Sem a superficialidade e a tentativa, quase sempre mal-sucedida, de ser engraçado.

Aí eu passei de carro diante de uma pichação aqui perto. E percebi de um soco o quanto eu não entendo o mundo para poder dar pitacos sobre ele.

A pichação diz "Terror Anal". Explica essa, José.


O blog do Saramago.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Café Donuts.

Café Donuts é um aprazível comedouro aqui do bairro. Serve um multifacetado e eclético menu, 24 horas por dia, nos moldes de um diner norte-americano.

Espero meu espresso contemplando o casal na mesa ao lado. Ele, perto dos quarenta, elegante e bem-sucedido. Ela vinte e poucos, gatinha, saltitante. Deram uma escapada do escritório e, como diria minha mãe, aí tem.

A garçonete lhes anota os pedidos. Para ele, café. Para ela idem:
- O mini-donut é de quê?
- Hein?
- O mini-donut que acompanha o café...
- Ah, eu não quero.

A garçonete se dirige ao homem:
- Você vai querer comer o donut dela?

O homem responde:
- Se ela deixar...

E ri, alto. A gatinha ri alto também. A garçonete apenas anota, rilhando discretamente os dentes. Deve estar amaldiçoando, milésima vez no dia, trabalhar num lugar tão propenso aos trocadilhos.

sábado, 1 de agosto de 2009

Pequena reflexão sobre Deus II - A revanche.

Fui fechar o porta malas do carro e vi um emblema colado, que não fui eu que colou. Plástico imitando cromo, ótima qualidade, igual às letrinhas de fábrica com o nome do carro (TOUAREG, caso você esteja se perguntando).

Mas nesse emblema que apareceu estava escrito JESUS TE AMA.

Arranquei, e foi difícil porque estava bem colado, dando risada com a piada. Tive na hora a certeza de quem o teria colocado ali, porque é um amigo que vive fazendo esse tipo de gracinhas.

Só que acabo de me tocar: talvez tenha estragado um milagre. O tal amigo é sério com coisas de religião, com isso não brincaria. Teria colado um "nóis capota mais num breca" ou um daqueles casais de ETs fazendo 69. Mas não Jesus te ama.

Tem gente que viu a Virgem Maria numa torrada, Jesus refletido na vidraça.

Eu posso ter visto Deus na tampa do porta-malas. Mas ha hora não enxerguei.

Poeminha autobiográfico.

Uma morte por um nascer.
Dor que deu lugar à calma.
Aflição que logo será surpresa
pela sabedoria que eu não supunha:
Embaixo da unha que caiu
Já tinha outra unha.