sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Corinthiano sofre.

O morador chega com seu carrão que custou 170 salários mínimos ao portão que está quebrado. São duas da manhã e o vigia que ganha 1 salário mínimo tem que levantar de sua cadeira lá no fundão da garagem para vir abrir. São duas da manhã e o vigia, apesar de ganhar para vigiar, dorme o sono dos justos. O morador hesita. Desço ou buzino? Dilema burguês: são 2 da manhã, o vigia vai se assustar com a buzina, vai sair correndo na direção dos faróis acesos feito um morcego cego - imagina uma pupila dormindo ter que olhar para um farol às 2 da manhã? -, pedirá desculpa e terá medo de ser dedurado para o síndico porque estava dormindo. Custa descer e abrir eu mesmo? O morador desce e abre o portão. O vigia acorda e demora a entender o que se passa. Seus olhos estão ardendo, as pernas dormentes por causa da cadeira desconfortável. Ouve o som das portas do carrão sendo trancadas por controle remoto. Abriu o portão ele mesmo. Custava dar uma buzinada? E ainda apagou o farol, pra eu não acordar e ele poder me dedurar para o síndico, esse porra. Vai dizer que eu estava dormindo, e eu só estava distraído.
Morador: E o Coringão, hein? E o Acosta?
Vigia: Nem me fale... comeu a bola ano passado, agora não joga nada...
Morador: Ô fase, né?
Vigia: Ô...
Morador: Valeu, então. Boa noite...
Vigia: Boa noite...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Homofobia, capítulo XXVI.

Tem um colega no trabalho que é gay. Conversamos pouco, sempre de passagem pelo corredor. Ele me cumprimenta com um impessoal "Oba.". Apesar de ser um cumprimento neutro, muito me incomoda por uma questão de lógica: é um homem gay dizendo "Oba" toda vez que me vê.