segunda-feira, 30 de março de 2009

Pequena reflexão sobre ex-chefes.

Não é que o nosso santo não batia. Batia de frente.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Pfizer.

Dois amigos estão conversando. Um deles está empolgado:
- Velho, eu descobri um negócio genial hoje. GE-NI-AL!

- Fala, porra.

- A Pfizer, que fabrica o Viagra, também fabrica o Rogaine!!!

- Roguêin?

- É, um remédio para não ficar careca. Cara, a mesma empresa, o mesmo laboratório! Será que uma coisa tem a ver com a outra, tipo, eles fizeram pesquisa com os ratinhos para entender porque os que ficavam carecas não broxavam, e os que broxavam eram cabeludos?

- Caralho...

- Ué, né não? Como é que a mesma empresa vai assim, sem mais nem menos, ir atrás das duas coisas mais importantes na vida do homem? Deve ter identificado algum hormônio sem querer, ué. Sei lá. Tô viajando?

- Não...

Pequena pausa. O outro amigo, o menos empolgado, pergunta:

- Como é que você descobriu que a Pfizer fabrica as duas coisas?

- Pois é.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Pequena reflexão sobre a certeza.

Assim como ter esperteza nem sempre quer dizer ser esperto, ter certeza nem sempre quer dizer estar certo.

Inveja do Leo.

Cada vez que eu leio no jornal sobre o Brasil, sinto inveja do meu amigo Leo.

Ele é superior na função que realiza na empresa, um trator mesmo. Trabalha 12 horas por dia e nunca fica cansado. Trabalhamos juntos no passado, estamos trabalhando juntos novamente 5 anos depois, e vejo que ele está igualzinho: absolutamente alienado ao que acontece em Brasília.

O Leo trabalha duro como eu, talvez até mais. Ele ouve falar dos escândalos políticos, mas não se deixa abalar. Sequer muda de humor, enquanto eu acabo de ler a notícia sobre como o Senado, em 10 anos, criou 4000 empregos de assessoria para 81 senadores. Que, aliás, só trabalham de terça a quinta, segundas e sextas são para viagens aos estados natais (5 passagens mensais pagas por nós).

Assim como muitos amigos meus, o Leo não votou nas últimas eleições. Como eles, Leo está cagando para a política, para a corrupção, para os desvios. Ele acredita em defender o dele, contra tudo e contra todos, porque sabe que no Brasil políticos são eleitos não para representar eleitores, mas sim porque o voto é obrigatório.

Em suma, o Leo é como eu e os meus amigos, senão por um detalhe: ele é colombiano. Não poderia participar das eleições, nem da política, nem que quisesse. Quando eu comparo suas atitudes com as minhas e as dos meus conhecidos, percebo que nós brasileiros também tratamos o país como se não fosse nosso.

Pequena reflexão a la Euclides da Cunha.

O publicitário é, antes de tudo, um fraco.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Momento Arnaldo Antunes.

O coco
É o avesso do caroço.
Por dentro fica a carne,
Por fora fica o osso.

terça-feira, 17 de março de 2009

Clô, in memoriam.

Clô para os amigos, vil para os inimigos, do para todo mundo. Uma das primeiras piadas que eu aprendi sacaneava esta bicha louca. Agora me parece irônico que ele termine assim, com hemorragia no cérebro, num apartamento funcional em Brasília. Não que o Clô tenha tido alguma relevância para o país - sequer na minha vida ele teve, tirando essa piadinha e as risadas que ele provocava com o Pânico pegando no pé dele. Mas sua morte tem um quê de ironia.

É que nesse fim de semana assisti ao filme Milk - etc etc etc (por que é que na hora de batizar o filme no Brasil sempre botam um subtítulo completamente dispensável?). Coincidência que o primeiro político abertamente gay brasileiro vá para o saco justamente quando a gente aprende sobre a história de seu equivalente norte-americano. As diferenças ficam absolutamente nítidas: o cara de lá lutou pelos direitos dos gays, e aproveitou para mostrar uma grande capacidade de liderança, a ponto de convencer o sindicato dos motoristas de caminhão a fazer campanha por ele. O nosso político gay nunca, nunquinha, propôs algo pensando nos homossexuais brasileiros. Politicamente, a Marta Suplicy é muito mais bicha que o Clô. Ele sequer foi eleito por ser gay, já que era odiado pelo movimento por suas posições convencionais, seu mal humor de tia velha e sua incapacidade de ser simpático. E não é que ele precisasse se enrustir por causa do ambiente circunspecto do Congresso, porque além daquilo lá ser uma putaria completa, ninguém lhe faria censura por defender pontos de vista gays: ele possivelmente tenha sido o veado brasileiro mais conhecido da história.

Para mim, mostra claramente mais um dos motivos para o nosso atraso em relação aos americanos do norte. Lá uma bichona entra na política tendo por trás os interesses das outras bichonas, e desempenha seu papel tão bem que morre assassinado. Aqui a bichona entra na política somente para mamar o quanto deixarem, e morre caído no banheiro do apartamento.

O Clô se vai, vira purpurina, talvez deixe saudades. E o deputado federal Clô já vai tarde, mas deixa uma pergunta ano ar: será possível escrever sobre ele sem usar palavras de duplo sentido?

quarta-feira, 11 de março de 2009

O portifólio.

Começa que essa palavra não existe. Parece que vem do italiano portafolio, mas já virou parte do idioma. Bom, eu estou na papelaria para comprar um portifólio bacanudo, a papelaria é bem bacanuda também.

Enquanto fuço a prateleira em busca da melhor opção, o vendedor se aproxima. Não dá para ignorar o cheio do rapaz. Azedo. Mistura de roupa preta que não secou direito, com c.c. e sei lá, almoço num restaurante de picanha no rechaud. Penso que é muito desleixo o cara trabalhar num lugar assim fedendo assim.

Agradeço e dispenso a ajuda, "Vou levar esse".

Pago, vou para casa e me esqueço do portifólio até a manhã seguinte, dia da entrevista. Falta só colocar alguns materiais dentro dele e sair para o trânsito até o escritório que me espera. Assim que abro a sacola da papelaria, o cheiro horroroso de ontem me acerta no nariz. Não era o vendedor, era o portifólio.

terça-feira, 10 de março de 2009

Cinderela.

Estou num café, no shopping mais sofisticado de São Paulo: Cidade Jardim. Ao meu lado uma jovem mãe, elegantíssima, toma um espresso, tendo ao lado sua filhinha de uns 4 anos. O café fica dentro de uma livraria espetacular, enorme e muito bem recheada.

A menininha pergunta: Mãe, onde mora a Cinderela?

Eu levanto os olhos para ela. Linda a menininha, de vestidinho florido, uma versão miniatura de Cinderela.

Sinto vontade de ter uma filha menininha, que me faça perguntas assim deliciosas. Eu sorrio para as duas, porque enquanto as menininhas perguntarem onde vive a Cinderela, há esperança. Não importa o que aconteça em Darfur, ou na Coréia do Norte, ou em Guantânamo.

Mas aí vem a resposta da mãe: Na Disney, filha.

Nada de castelo encantado, de príncipe, de feliz para sempre, de sapatinho de cristal. Só a preguiça mesmo: na Disney.

E eu volto a ser o búfalo filhote, um animal que desconfia até da sombra.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Futebol sem alambrado não tem a menor graça.

Uma vez eu estava num ônibus, e vai parecer começo de piada, mas estavam num ônibus um flamenguista, um argentino e um corintiano. Estávamos no sul da França, e para tornar tudo ainda mais surrealista, os integrantes da banda Zero 7 estavam à bordo, junto com mais alguns outros passageiros de nacionalidades variadas. Vai que a conversa, obviamente, caiu para o futebol. E um inglês meio bêbado começou a se agitar, era metade do ônibus de brasileiros inteiro sacaneando ele - pô, vocês inventaram um esporte em que só a gente ganha. O Beckham não gosta da fruta. O melhor jogador que vocês tiveram usava combover.

Aí o inglês quis saber para que time nós torcíamos. O flamenguista recebeu um aceno respeitoso de cabeça. O argentino, que era Boca, mais respeito ainda. Chegou na minha vez, aí o inglês cresceu. "Então diga um jogador conhecido do Corinthians."

Rivellino, Casagrande, Rivaldo, Sócrates. No Sócrates o inglês murchou, porque qualquer inglês ama o Doutor mas muito poucos sabem que ele jogava no Corinthians. Aí ele confessou torcer para o Manchester City, que agora tem o Jô, que era júnior do Corinthians, e continua sem nenhum título.

Eu pensei nesse inglês quando o Tevez veio, e me deliciei, tentei não pensar nele quando caímos para a segundona. Mas ontem, ah, inglesinho filho da puta, chupa. Até o alambrado se ajoelhou.



PS: Ele no Galvão Bueno, sobre o fato de parecer mais gordo no jogo do que ao vivo. Galvão diz: é a televisão que engorda. Ele responde: preciso parar de comer televisão.


Eu sou fã do cara..

Mesmo..

quarta-feira, 4 de março de 2009

O filho do Costinha.


Lembro de um video que apareceu faz tempo, com o Costinha e o Zico. O Costinha, para vocês garotos que lêem o blog deste búfalo já grisalho nas têmporas, foi um comediante genial cuja grande façanha era tirar a dentadura e falar palavrões cabeludaços. No video, 80 e poucos, o Costinha está meio que entrevistando o Zico, mas na verdade aproveita a oportunidade para apresentar o maior ídolo da época para o seu filho caçula. Para o constrangimento do Costinha, quando o moleque vê o Zico, cai num estado catatônico. Só consegue balbuciar: "Eu vi o Zico". O Costinha bronqueia: "Tira foto, moleque! Abraça ele! Conversa!!!". Mas o moleque só diz, com voz fininha: "eu vi o Zico!".

Embora não flamenguista, e tendo crescido no interior de São Paulo, eu também teria ficado catatônico à época, tamanha era a nossa adoração pelo Zico. Se alguns jogadores até tiveram os méritos técnicos do cara, nenhum jamais foi tão simpático, tão simples, tão gente boa quanto ele. Até o meu pai, sujeito acima de qualquer modismo, se rendia a seu carisma.

Já adulto, o Zico já barrigudo e aposentado, fui visitar o clube mantido por ele no Recreio dos Bandeirantes, o CFZ do Rio. Fui na intenção de comprar umas camisas para dar de presente, ou até ver o cara ao vivo, sabe lá. Saí da lojinha com as camisas, em direção ao campo de treinamento. A atividade estava a pleno vapor, e dava para ver o Zico corrigindo posicionamentos, dando broncas na molecada. Fiquei no alambrado, de pé ao lado de outros tantos, assistindo. E observei alguém caminhando do banco, em nossa direção. Um negão. Na nossa nada, na minha direção, olhando direto para mim. Alguém do meu lado diz: "Ih, ó lá o Adílio..."

Adílio? E agora ele já está bem pertinho, sorrindo para mim. Ele diz: "E aí, rapaz? E seu pai, tudo certo?"

Os quinze caras ao redor estão me olhando, o Adílio está me olhando. Sou o único ali a perceber que ele está me confundindo com alguém, filho de alguém importante. Quem teria coragem de desmentir o Adílio, na frente de todo mundo?

Eu respondo: "Tuuuudo..."

Adílio: "Que é isso aí? Pô, você comprou camisa? Por que não pediu pra gente, eu te dava, pô!!! Tá autografada?"

Eu: "Não..."

Adilío: "Então peraí."

Ele se vira para o campo e dá um berro para o Zico. Chama o Zico para vir autografar as minhas camisas. Eu não imagino qual seria o valor de ter camisas autografadas pelo Zico dedicadas a uma pessoa que não eu. Pior: se ele perguntasse o meu nome, eu sequer saberia dar a resposta certa, não o nome que o Adílio estava esperando. Então fiz o que podia fazer: saí andando.

Ignorei os chamados do Adílio, que afinal ainda estava do lado de dentro do alambrado. Virei as costas para ele e para o Zico, que continuava lá longe. Dizendo fininho, para mim mesmo: "Eu vi o Adílio."

Mensagem aos amigos flamenguistas.

Ele não ficou no Flamengo porque listras horizontais engordam, verticais emagrecem.