quarta-feira, 24 de março de 2010

Olga.


Hoje faz 4 meses que eu tenho a Olga, uma vira-lata de muita raça que resgatei, já adulta, da indigência. Um olhar foi o bastante para eu decidir cometer um dos maiores erros da minha vida, bagunçar completamente meu apartamento e a minha rotina.
Passei a ter a obrigação de acordar muito mais cedo, e a de não voltar muito tarde para casa. Eletrodomésticos da cozinha foram destruídos, como também coisas sem valor material mas muito do geralmente oposto valor sentimental: guia de ondas da Indonésia, estatueta de madeira do Chile, a rolha do vinho que eu abri para comemorar a assinatura do contrato do apartamento.
Mas após esses 120 dias dias de convivência, as surpresas negativas diminuíram. E eu já não consigo conter o orgulho quando ela senta, ao meu comando. Ou permanece imóvel, me olhando desesperadamente através da porta aberta, enquanto eu me afasto dizendo "fica... fica... fica...". Acredite: poucas coisas são mais gratificantes do que dizer "vem" depois.
Estávamos caminhando um dia desses, é delicioso ouvir os elogios que ela recebe por ser tão bonita, ter uma cara tão feliz. Às vezes é particularmente bom, quando eu consigo que ela sente para receber os elogios, que então transbordam. Ela, que afinal é menina, adora. Como me adora, incondicionalmente, seguindo cada um dos meus passos e respondendo, com uma balançada de rabo, a qualquer olhar meu lançado em sua direção.
Talvez a Olga venha a ser a fêmea que mais me amou no mundo.

2 comentários:

LC disse...

Proporcional ao amor e dedicação que dispensa a essa fêmea.

Anônimo disse...

Traduzindo: Talvez seja a fêmea que você mais amou nesta vida.