quarta-feira, 7 de abril de 2010

Homem-aranha no cruzamento.

As vezes eu entro aqui, anoto uma frase, e salvo como rascunho. A intenção é voltar outra hora, com mais tempo e um mínimo de inspiração, para transformar a anotação em texto. Na maioria das vezes, eu não volto nunca. E em muitas delas, eu encontro coisas absolutamente incompreensíveis. Como essa, que anotei no dia 15 de outubro:

Homem-aranha no cruzamento

Não tenho ideia de que diabos estava falando. Duvido que tenha visto a cena, alguém com uma fantasia na rua, por mais esquisita que seja essa cidade.

Me lembra "O Segredo dos Seus Olhos", quando o personagem principal, escritor, acorda de noite e anota algo num caderninho - dizem que é isso que escritores devem fazer. Somente para conferir na manhã seguinte que anotou a palavra "TEMO". Temor é tudo que nós na plateia estamos sentindo, com a história que se desenrola na tela, faz todo o sentido, a ponto de ser retomado mais tarde pela personagem da divina Soledad Villamil, que vê o caderninho e pergunta "O que você teme, Benjamin?".

Perdão a você que viu o filme e não me vê chegar logo ao ponto. Mas pode ser que o outro ali não tenha visto. Também, outra coisa, muita gente que viu o filme não pegou a certa nuance que eu estou para contar. Seguimos.

O Benjamin responde que nada, que foi somente algo que anotou para retomar mais tarde, provavelmente não. E, no fim (ufa, chegou) o Benjamin descobre que, assim como sua máquina de escrever defeituosa não escreve a letra A, ele se havia esquecido do A. "TEMO" era na verdade "TE aMO", e ele decide ficar com a Soledad. Talvez um pouco forçado, mas vá lá, boa sacada.

Muito melhor que "homem-aranha no cruzamento". Pelo menos funcionou e a frase anotada afinal virou texto.

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