segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Macunaimismo.



O Angeli falou tudo. Mas na sequência da charge na página Editorial da Folha de SP tem um texto brilhante de um Fernando de Barros e Silva (se é da Silva, é peão, se é e Silva é das elite) que assusta. A consagração de Lula, e por consequência, a do Brasil, não se deve por nada que não a absoluta falta de perspectivas no mundo. Todos os líderes falharam, os ricos estão de quatro. Só sobra o Lula, com sua falta de assunto carismática e o Brasil, com o seu futuro que nunca se concretiza.

Eu admiro sinceramente o brasileiro Lula. Acho-o um presidente ridículo, como acho todos os que o Brasil foi capaz de produzir. Sim, o FHC também. Porque ele, com toda aquela pompa e filosofia, nunca conseguiu sentar do lado da rainha. Mas o que são os presidentes senão a amostra do povo de um país? No nosso caso, só confirma, eleição após eleição, aquela piadinha: Deus fazendo o Brasil, caprichando em tudo, sem terremoto, clima favorável, rios, solos para a agricultura, minérios e riqueza de toda as espécie. Aí um santo a seu lado pergunta se aquilo não é injusto com o resto do planeta. E Ele responde "Espera pra ver o povinho que eu vou botar aqui". O Lula, pelo menos, não finge.

O Veríssimo também baixou o porrete no sucesso do Lula na reunião do G20, seguindo mais ou menos a lógica dos dois que citei acima. Lula se dá bem usando o jeitinho brasileiro em vez de conhecimento ou ideias. É o fuhrer do Macunaimismo.

Macunaimismo: sistema de pensamento político brasileiro que pode dominar o mundo. Está embutido nos genes de quem nasce nessa terra, assusta e fascina gringos desde os tempos mais remotos. O Macunaimismo tem como lema "Peraí, calma, vamos conversar...".

Consiste da capacidade de burlar regras e doutrinas, de subverter a lógica em proveito próprio, de sonegar o máximo de impostos e colher o máximo de benefícios. De reclamar sempre dos outros, de modo tão agudo, que nossas incapacidades desaparecem perto do erro alheio. E acima de tudo, consiste de uma enorme habilidade para delegar trabalho. Não por acaso a importância que os imigrantes europeus tiveram para o desenvolvimento de São Paulo e do país. Acabou a escravidão e o Brasil enfrentava problemas, pois ninguém queria pegar na enxada. O Império decidiu importar fazendeiros italianos, alemães e japoneses a rodo, para que nós tivéssemos o que comer. E os europeus vinham, assombrados diante do conflito permanente entre a exuberância e a mesquinharia dessa gente. Preguiçosa como nenhuma outra, generosa às vezes e incrivelmente tenaz sempre que uma vantagem aparecia no horizonte.

Se o Brasil aproveitar esse momento de crise mundial para globalizar o jeitinho brasileiro, exportá-lo para a OMC, para o G20 e até para a Faixa de Gaza, não vamos só nos consolidar como líderes globais: vamos encher o rabo de dinheiro. Lula, herói do Brasil, pode ser o cara certo para colocar em prática essa nova doutrina.

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