quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Terrorista.


Na fila para o raio-X, tira o sapato, tira o cinto, tira o relógio, tira o computador, a máquina apita e eu me desespero. Detetor de metais portátil, nada de metal? Nada de metal. Meu avião vai sair, eu ainda preciso passar na alfândega, meu amigo. Tira meia, levanta a camisa, vira os bolsos do avesso, e a tromba do povo da fila é maior que a própria fila. O senhor tem algum pino, alguma coisa de metal no corpo? Não, nada, só o aparelho. Aparelho? No dente. Será? Detetor de metais portátil. Piiii. Batata, como diria o Nelson Rodrigues. É o aparelho. Pondo o cinto, calçando sapato sem meia, eu digo para o guarda: se eu fosse terrorista suicida, pra que ía querer consertar o dente?

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