domingo, 6 de junho de 2010

6 de Junho. Dia D.

Foi o dia em que mudaram o rumo da Segunda Guerra Mundial, com o desembarque na Normandia.

Foi o dia em que eu, dias depois de ter descoberto que tinha câncer, operei.

Renasci, um pouco menos esperançoso e um pouco menos inocente que da primeira vez. Se imagina que passar por isso torna a pessoa mais tolerante e mais feliz, por ter sua segunda chance.

O mundo também renasceu num 6 de Junho, já que ali se definiu que a ameaça nazista não teria chance de se espalhar, como metástases, por outros continentes. Foi uma intervenção cirúrgica precisa e definitiva, como foi a minha.

O mundo não se tornou mais tolerante e feliz por essa segunda chance. Não é o que acontece.

Junto com o susto e com o medo, vem o pragmatismo de quem acorda. De repente você não acha mais que sua vida daria um filme, que você é um personagem querido de Deus, ou essas coisas. Você descobre que as coisas dão errado sim, contra a sua vontade, e que muitas vezes não é uma questão de atitude para que elas voltem a dar certo.

É só acaso. Por acaso as coisas podem voltar ao lugar, a vida pode seguir, e se pode voltar a ser feliz. Apesar de se ter perdido a inocência.

Apesar disso, em 6 de Junho, me sinto agradecido por estar aqui. Assim como o resto do mundo deve estar.

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu torço para que existam muitos outros 6 de junho na existência desse búfalo, filhote por alguns momentos, mas em muitos outros um búfalo gigantemente inteligente, sensível e ...
Feliz 6 de junho!