terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O engano, parte 1.

O telefone está enguiçado outra vez. Eu sei que ela já vai começar a me aborrecer. Juro, tem horas que eu não consigo lembrar porque pombas eu casei com essa sujeita. Mulher chata dos infernos, onde já se viu? Ficou pior que a cobra da mãe dela, aquela matou o marido de tanto aborrecimento. Na lua de mel eu já vi que a vaca tinha ido para o brejo, e lá se vão quantos? 30 e tantos anos? Eu merecia uma estátua de ouro. De ouro! Não quis conversa comigo na noite de núpcias, disse que o hotel tinha muito mosquito. E eu lá, com aquele apetite da juventude. Nunca foi muito chegada, essa aí. Sorte que tem a Zuleide no escritório, que me dá carinho e me entende, ah Zuzu, minha flor, minha rainha mulata.
- Zééé! O telefone tá mudo de novo, Zé!
- Eu SEEEEI! Vou ligar na companhia!
- Mas e a casa fica sem telefone? Se mexa, homem de Deus!
- EU VOU LIGAR DO ESCRITÓRIO NA SEGUNDA!!!! Mas será o Benedito, criatura?
Bato a porta de propósito, só pra ela ficar uma fera. O pessoal já deve estar lá pelo segundo chopp na Majórica, deixa eu correr.

Nenhum comentário: