terça-feira, 18 de novembro de 2008

Síndrome de Tourette.

Ele está no banheiro da churrascaria rodízio, é o aniversário do pai da namorada dele. Ou, seu futuro sogro, segundo a mãe da namorada dele. Está aliviando a bexiga depois de 4 chopps, uma batida de limão com cachaça e uma de maracujá que estava doce, doce de doer os molares. Não bêbado, mas já altinho. A porta do banheiro se abre - sozinha, automaticamente, porque nas churrascarias rodízio é padrão que os banheiros tenham o mais alto padrão de qualidade. Talvez para aplacar a sensação de baixeza que domina a todos depois da indulgência às carnes sanguinolentas, ao álcool e frituras.
Entra o tio da namorada. Um tio por excelência: gordão, engraçado, palmeirense, pêlos nas orelhas, narinas, dedos e todos os lugares exceto na cabeça. O tio não perde uma piada, não perde, é daqueles caras que nasceram para rir. Nada em comum com ele, que continua mijando, um pouco mais tenso porque de fato não se trata da melhor situação do mundo a compartilhar com um tio de namorada desagradável. O tio estaciona seu gordo corpo diante do mictório adjacente. Solta um tremendo peido e ri gordamente. Ele sorri de volta, enojado. O tio retribui o nojo olhando para seu pau e soltando um risinho debochado, que implicita uma opinião sobre o tamanho de seu dote. Ele balança o pau, terminou de mijar. E diz, justo ele que quase nunca fala com o tio, muito menos para falar de coisas pessoais, ele diz:
- Gostou? Já já vai estar dentro da sua sobrinha.

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